Tudo que começa, um dia termina!

Esse é um senhor clichê não é? Enfim, é clichê por ser tão honesto na mensagem que não tem como contrariar. A caminhada de todos por aqui uma hora ou outra termina, e isso vale para o pessoal e o profissional. No profissional, digo que minha fase se encerrou na Universidade de Passo Fundo e sendo mais específico, na emissora de tv da universidade.

Aqui quando cheguei vi de perto o nascimento de tudo. Tenho orgulho de ter sido um dos primeiros funcionários da tv numa leva de profissionais que vieram do grupo RBS para compor a equipe de trabalho. Lembro que éramos um povo bem heterogêneo com pessoas colaborando nas áreas da música, teatro, publicidade e claro, jornalismo.

Nesse tempo funcionávamos em uma sala de aula no fundo do corredor da FAC, Faculdade de Artes e Comunicação. Lá, éramos exibição, switer, ilha de edição, sala de reuniões e redação. Tínhamos alunos estagiários mesclados com funcionários, todos supervisionados por uma professora com vivência jornalística. Aliás, foi assim nas gestões seguintes: termos gestores com experiência de redação.

Vivi intensamente o sonho da UPF em ter uma emissora em canal aberto, com programação própria e o mais importante: espaço pra falar da produção feita aqui na universidade. Não vou saber exatamente quando começou esse trabalho pela concessão do canal porque quando cheguei já estava em andamento, mas lembro bem da preparação que foi deixar pronto vinhetas de programas, roteiros, formatos, material adiantado para quando começássemos...

Cheguei em março de 2001 na UPF e em maio (28/05/2001) entramos no ar exatamente às 19h com a transmissão da inauguração da tv (emissora que já operava em caráter experimental desde 1999). A cerimônia foi no auditório do prédio onde hoje é o LCI. Após a cerimônia os convidados (reitores da época) atravessaram a rua para participarem de um programa de 1h de duração no nosso estúdio (sala de aula adaptada na FAC). Notícia da época:

“A implantação da UPFTV significa, entre outras coisas e acima de tudo, um meio de democratizar a comunicação televisiva”, disse o vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, professor Jaime Giolo. A UPFTV funciona no Canal 15 da Net Passo Fundo e terá uma produção própria de oito horas e outras sete da TVE, de Porto Alegre. A estréia da nova programação da UPFTV ocorreu no dia 28 de maio com a transmissão ao vivo da solenidade no canal 15 de Net.

Então no dia seguinte, se dava início a intensa rotina de produzir diariamente conteúdo para mais de dez programas, vou citar alguns que lembro: TV Cidade, UPFTV Debate, Utilidade Pública, Enciclopédia, Cartão de Visitas, Acorde, Mosaico, Regra do Jogo, Cápsula e um tempo depois o carro chefe da emissora que sempre me deu muito orgulho: Mundo da Leitura!

A chegada do canal aberto em 2005 foi a possibilidade da expansão ainda maior daquilo que fazíamos com tanto sacrifício (isso pouca gente sabe). Me pergunto agora onde estávamos com a cabeça em fazer tanto, sem ter condições estruturais pra tudo o que queríamos fazer? Tv é pra loucos! Tenho que concordar.


Eu deixo pra trás minha contribuição de ter impulsionado um espaço pra música local, que depois virou espaço para os artistas regionais e que viram naquele programa de 30 minutos no canal 15 NET e depois no 4 aberto, a possibilidade de mostrar o que faziam de melhor. O Acorde, o espaço de música da UPFTV, deu luz a muita gente boa! Um programa que começou itinerante (isso mesmo, "íamos onde o músico esta"). Mais tarde passou para a sala de espetáculos no campus 3, depois para o teatro Múcio de Castro e finalmente e aí no melhor momento, quando veio para o estúdio da emissora aqui no campus central. Mais tarde, passei o bastão para minha amiga Afani que seguiu por mais um tempo nessa caminhada cultural...


Fiz ainda um outro programa chamado Usina. Não tinha off, era contado a partir da narrativa dos personagens e misturava música, cinema, humor, agenda e reportagens culturais. Que tempo! Os mais novos não vão lembrar mas por um período tivemos um quadro que fez muito sucesso pelo seu formato: o Buzina! Em cima de um caminhão seguíamos pela cidade, acompanhados por um convidado que entrava na brincadeira e falava de tudo, vida pessoal, profissional, cotidiano, política... E no final deixava uma buzinada (por isso o nome) para alguém, algo, ou algo que a pessoa achava importante. Em cima do caminhão colocávamos um tapete, um sofá, uma cadeira para o cinegrafista (99% das vezes era o grande Lima) e as entrevistas conduzidas por mim e a Denise Giordano que dividia a bronca comigo.


E seguimos em meio a crise que afetou o ensino superior e continua afetando. Com o tempo a tv foi enxugando programas, recolhendo de tamanho, tomando algumas decisões de conteúdo que foram nos direcionando para o cenário que chegamos hoje. É do jogo! As decisões precisam ser tomadas e se foram acertadas, só o tempo irá dizer...

Da UPFTV levarei no meu coração os bons momentos que vivi, as reportagens legais que fiz, as companhias de "aventura" e olha, nos enfiamos em cada biboca kkkkk. Daqui, TIRO AS LIÇÕES DE VIDA e SÃO TANTAS! Tive grandes colegas, alguns com mais contato, outros menos. Convivi com muitos estagiários em um revezamento quase industrial, mas o mais importante: fiz grandes amizades. Algumas levo pra vida!






Lembrarei pra sempre dos momentos musicais em que éramos agraciados pelo meu amigo Giancarlo Camargo, o "Mil Faces"! Que talento artístico que invadia nossa redação tocando o que tem de mais fino da música popular. Era um sopro de motivação nos dias extenuantes.


E das Jornadas Literárias que trabalhei! Foram oito numa relação de 18 anos!


Aprendi que a vida é realmente um livro. Você que escreve, seja por linhas tortas, retas, em caixa alta ou baixa, não importa. Cada linha, cada parágrafo é uma costura que vai se desenrolando sobre você, teus atos, atitudes, relacionamentos, enfim... É a vida! E se é escrita como um livro, então pode ser uma história de ficção, com mais drama, comédia, mistério ou até suspense. Mas o gênero não muda!!! Se você optar pela ficção, ficção será! Eu optei pela realidade, ou melhor, pela verdade!!!
E como um livro é preciso virar a página e seguir a narrativa. Agora em outros ares, mas sempre levarei no coração o carinho pelo time que participei mesmo com nossas diferenças. Agradeço especialmente a Afani Baruffi, Deisi Fanfa, Raquel Tramontini, Keli Flores, Gilmar Lima, Moacir Prestes, Claiton Abreu, Johnny e Julio Meira in memorian. Galera, quanta coisa boa que juntos fizemos...Obrigado UPF por tudo!








Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Mães Arteiras

Religiões - Islamismo

Roda de História e Leitura Compartilhada