... E ainda acredita em duende?

Sabe o que é mais difícil na vida? Assumir que esteve errado e ter a coragem de mudar! Isso é para mim um dos maiores clichês do mundo e uma das maiores verdades, senão a mais importante. Sou um cara que nasceu em família "burguesa". Entenda esse conceito como ele é: relação de dinheiro e poder. Cresci na época das "vacas gordas" porque tive uma infância onde não faltou conforto e oportunidades.

Na adolescência continuei na mesma "classe", embora os sinais de decadência começassem a aparecer, mas tudo bem, esse não é o ponto que quero tratar aqui até porque na economia você esta suscetível a "altos" e "baixos" e o risco de "mudar de patamar"

Lá pelos meus 15 anos tive a vontade de entender o andamento político das coisas e que história é essa de república, liberalismo, radicalismo, socialismo, comunismo, capitalismo, livre mercado? 

Eram temas que deixavam-me curioso para tentar compreender. Hoje vejo que poderia ter me aprofundado mais nos teóricos que trataram destes assuntos. Esse é um tema amplo com inúmeros direcionamentos desde a prática e os conceitos religiosos até o mercantilismo e o estado, sei bem, por isso quero tratar aqui sobre os direcionamentos políticos.

Uma das primeiras "coisas" que lembro-me dos tempos de escola no ensino fundamental era a relação entre esquerda e direita na revolução francesa e o quanto aquele movimento revolucionário deixou e deixa marcas na humanidade até os dias de hoje. Lá atrás acreditei que ser de esquerda era algo supremo eu diria. Uma linha de pensamento que lutou contra a tirania monarquista, que defendeu a classe trabalhadora (proletariado), que era contra os burgueses (sim, contra mim), mas por termos nós burgueses, de acordo com o pensamento socialista: culpa no cartório. Na ideologia a "classe" oprime os empregados em busca do lucro acima de tudo, não respeita direitos humanos é arrogante e tirânica. O discurso propagado era nessa linha para pior. E por um bom tempo acreditei nesse "conto". 

Sou de um tempo sem internet e quando ela apareceu chegou engatinhando. Nessa época (dos anos 1960 até os 2000), tudo que era divulgado/informado para o público era através dos meios "confiáveis" de comunicação. Eu cresci acreditando que o que foi dito no JN da TV Globo era lei, a mais "pura" verdade, informação isonômica e fiel dos fatos, transmitida a nós telespectadores de segunda a sábado no telejornal da emissora, reforçada pelo Globo Repórter semanal e a edição dominical do Fantástico. Indo para as rádios e os jornais o monopólio midiático continuava impulsionado por uma rede de afiliadas por todo o território nacional. 

Acontece que a internet cresceu e rápido para a minha sorte e da imensa maioria no nosso país. 

Minha primeira eleição foi para presidente da República em 1989. Eu havia acompanhado atento a campanha pelas Diretas Já e o movimento por uma nova Constituição. Nessa época eu carregava o sentimento de indignação contra uma ditadura militar "opressora e tirana", replicada nos bancos escolares desde que me lembro por gente e que agora estava por ruir. Foi uma eleição que votei na esquerda (PT) porque não poderia ser diferente. Eu era um militante que acreditava na revolução social por meio de um estado protetor, gigante, que me acolheria como um ser frágil, carente, ignorante e que necessitava de "ajuda", oferecendo aquilo que precisamos como segurança, auxílio financeiro, saúde, educação, tudo provido pela grande "mãe" o governo central. Era uma época em que eu fazia bandeiraços, participava de reuniões e encontros, entregava santinhos políticos, enfim... Hoje vejo o tamanho dessa estupidez! 

Nos anos seguintes meus votos migraram para o outro lado dentro da esquerda, o PSDB, que mais tarde descobri o quanto esse partido nos enganou enquanto brasileiros, dizendo ser um grupo social/democrata de centro/esquerda, por hora, direita, e na verdade não é nada mais que um comunismo na linha socialismo/fabiano. Um segmento light dentro da ideologia comunista. E pasmem, essa lorota enganou a todos praticamente. Nós acreditamos

Se contarmos da eleição de FHC em 1994 até o fim do governo Dilma em 2016 temos 22 anos de uma atuação direta do pensamento esquerdista no Brasil. Porém, se você voltar para 1960 (usando como uma data cheia), temos mais de 50 anos de influência marxista no país. 

Quando os militares assumiram as rédeas do Brasil para atender um intenso pedido social e da maioria dos meios de comunicação da época (inclusive a Globo do sr. Roberto Marinho), foi para evitar, essa é a palavra, evitar, que o país caísse em mãos comunistas e consequentemente stalinistas/leninistas/trotstistas/maoístas e por aí vai. Era um enorme clamor popular. Em 1964 vivemos uma revolução, ou para alguns o início de um regime militar, nunca uma ditadura! Essa é uma das maiores mentiras contadas. 

Os militares preocupados em combater os grupos de guerrilhas financiados por cartéis do tráfico colombiano e o sistema comunista soviético que através de um braço forte aqui ao lado, em Cuba, infernizava a paz e o avanço social/econômico do Brasil, gastaram tempo e energia para combater agressões de toda a ordem, e como é papel das forças armadas de qualquer país, a reação foi dura, com mão de ferro. 

Outra ação estratégica das forças armadas naquela época foi o investimento em infraestrutura, principalmente em rodovias e pontes. Uma iniciativa importante para o desenvolvimento econômico do país, porém, os militares focaram suas atenções em estruturas e obras e deixaram de lado a principal fonte de crescimento de uma nação: a educação! 

Por 21 anos, de 1964 a 1985, o Brasil virou as costas para o que era ensinado nas escolas brasileiras desde a alfabetização até o ensino superior. As universidades federais e logo em seguida as comunitárias e particulares foram tomadas pelo pensamento ideológico marxista/comunista, e essa ideologia colocada acima dos propósitos de ensino. Como consequência constatamos, principalmente em disciplinas na área de humanas, uma formação direcionada para a criação de militantes políticos e não jornalistas, historiadores, geólogos, químicos, médicos ou psicólogos. A preocupação de muitos tem sido desde essa época doutrinar para a revolução!

Em 2002 eu ainda tinha um resquício socialista. Mesmo sabendo dos crimes do passado, das atrocidades em prol da "causa", dos campos de concentração soviéticos, nazistas, dos crimes contra a humanidade cometidos na China de Mao, dos absurdos no Vietnã, Camboja, Polônia, antiga Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária, Hungria, Eslovênia, na revolução aqui ao lado, em Cuba, enfim, mesmo sabendo, tive com a eleição de Lula a fagulha, o último resquício de esperança, o sentimento que aqui, pela maneira de sermos enquanto povo, poderíamos fazer diferente sem perseguir, patrulhar, acusar, sendo honesto, digno e decente, essa é a palavra: decente. Mas nada disso aconteceu! 

Fui testemunha do maior assalto da história do Brasil. "Nunca antes neste país" dizia Lula, "foi só ganharmos a eleição e até petróleo achamos" repetia ele. isso era replicado quase diariamente nos veículos de comunicação tradicionais. E é verdade Lula! O partido dos trabalhadores encontrou até petróleo e fizeram deste tesouro o combustível para saquear o que ainda faltava de nossas instituições (Petrobrás, BNDES, Eletrobrás, Correios), entre tantas outras... 

Quando estourou o escândalo do mensalão (2004 senão me engano) eu defini: acabou! Naquele momento terminava o que restava de uma pífia admiração pelo discurso do todo, do coletivo, do pensamento humanista, bem feitor, altruísta, pelos mais necessitados, pelos excluídos...Tudo conversa fiada! Enquanto a população era alimentada com ilusões, propaganda, ganhava crédito como quem troca de roupa e sem ter a educação financeira para tamanha irresponsabilidade, foi jogada em um endividamento que surrupiou praticamente da noite para o dia, o "luxo" conquistado através de bolsas sociais e liberação de crédito ao infinito e o além. Essa bomba iria explodir logo ali na frente, como explodiu. 

Fico feliz de ter percebido a realidade a tempo. O escândalo do mensalão foi a minha maior vergonha na política. Em seguida veio a lava jato, mas aí eu já estava liberto dessa doença. Hoje estou aqui assumindo que fui ingênuo em acreditar num partido fantasiado de quadrilha, ladrões camuflados de políticos. Uma vergonha mundial. Penso: como que personalidades fizeram referência ao Lula, como? Hoje, o ex-sindicalista e condenado pela justiça (mas solto pelo STF) é a maior vergonha do mundo político, uma fraude! O ex-presidente americano Barak Obama e o cantor Bono Vox pagaram esse mico, Roger Waters também. Como papagaios repetiram narrativas com aquela lógica progressista/socialista/comunista: conte apenas a história que as pessoas querem ouvir. Um escárnio!

Eu e milhões de brasileiros vivemos de perto as manifestações de julho de 2013, os arroubos que foram as construções e os preparativos para a Copa do Mundo no Brasil, dois anos depois os Jogos Olímpicos, aí veio impeachment da Dilma e a troca do governo no país, isso tudo empurrado pelo maior patrimônio nacional: a operação Lava Jato! Caro leitor, resumi nesse parágrafo anos de absurdos, décadas de assalto na mão grande das instituições brasileiras. Isso já é passado!

A questão é que de 2018 para cá o país enfrenta uma guerra ideológica que esta consumindo as energias de todos nós. Independente aqui se você é de esquerda ou direita, se é globalista ou liberal, não é esse o ponto. O que realmente importa é o bem comum, ao menos deveria ser assim (eu sei que é utopia). 

Fato é que o mundo esta cada vez mais interligado através da web onde cidadãos estão aprendendo idiomas a distância, comprando e vendendo coisas, influenciando outras pessoas também... Para tudo existe o outro lado, a "via nunca é de mão única".

Chegamos numa situação de país que é praticamente impossível ter opinião. Você tem que seguir a cartilha socialista/globalista de "defesa" de minorias (negros, gays, mulheres, indígenas, imigrantes, religiosos) enfim, um universo de gente que é semelhante, veio do mesmo "molde" se é que você me entende e que necessitam de atenção e cuidados assim como os brancos e heteros também precisam dessa atenção. Todos! Somos seres vivos da mesma espécie, com capacidade intelectual, habilidades particulares, características humanas incríveis como o amor, a compaixão, a indignação... E como podemos fazer mal a nós mesmos? É surreal! Entende-se a necessidade de dominação do mais forte sobre o mais fraco, isso é também da nossa natureza e é plausível compreender que muitas vezes ao longo da história da humanidade a ignorância levou o homem ao limbo humanitário, mas se tivéssemos um pouco mais de altruísmo poderíamos, quem sabe, vivermos uma situação diferente, mas não!

O politicamente correto é hoje o mal da humanidade! Coitado de você se for se comportar incorretamente. Você ousar dizer que não gosta de animais, que seu amigo nego véio é massa da porra, que o velho é um cabeção, que o cara é carente e por aí vai.... Não, você tem que afirmar que ama os animais, que seu amigo afrodescendente é muito legal, que o idoso é inteligentíssimo, que o rapaz é um sujeito de risco em vulnerabilidade social, e assim segue.... Você percebe que são as mesmas coisas? Que sempre foram desse modo? Então porque separar, definir, rotular, colocar uma marca, dividindo a sociedade em múltiplos grupos étnicos/econômicos/sociais? A resposta é simples: para poder controlar meu caro. Fatiando uma nação é possível agrupar os separados em prol de bandeiras únicas que são na verdade bandeiras de todos, mas que pensando no voto e no poder político, deixar a sociedade uniforme e coesa pode ser perigoso para a conquista desse poder. Então, reunimos as minorias e as colocamos juntas em causas maiorais e assim fortalecemos o "nosso" grupo/pensamento e "vendemos" a imagem de um partido que esta comprometido com o problema. É basicamente isso.

As articulações políticas fazem parte do jogo. É assim desde sempre. Agora, o que não é possível aceitar é a inércia e a cegueira de gente que se recusa a enxergar o óbvio. Estamos em uma cruzada mundial no campo espiritual, moral, econômico e social sem precedentes. Isso é fato! Esta em curso um pensamento de governo mundial único com implementação de vontades de uma elite sobre as outras nações, reguladas por uma imprensa vendida, classe política (de modo geral) corrupta e uma juventude cega e militante (apoiada por uma classe/elite/cultural/intelectual mundial dos escalões mais altos até os mais baixos). Isso é claro e cristalino, esta na cara! Não vê quem não quer!

Você então pode imaginar o quanto foi difícil para mim olhar para trás e perceber que eu estava errado. E não sinto vergonha, muito menos raiva. Minha sensação é de alívio. Alívio por perceber a tempo que tenho valores que devem seguir uma ordem moral permanente, com senso de certo e errado e convicções pessoais sobre justiça e honra, tenho gosto pelos costumes e tradições porque ali esta a história de cada um, pelos direitos a liberdade de expressão, de propriedade, de defesa, na força da lei com seus pesos e contrapesos para garantir segurança, acredito em um estado mínimo, eficiente, dinâmico, que tenha o estritamente necessário para seu funcionamento e uma economia de livre mercado apoiada na desburocratização da máquina pública e na aliança com as economias mundiais que são exemplos de sucesso. Hoje vejo que sou um conservador/liberal e tenho orgulho disso. Sou conservador nos costumes e nos princípios. Sou conservador por acreditar em Deus, na força da família (e aqui entenda-se as diferentes formas de família hoje em dia), porque o que importa é o núcleo familiar, é a estrutura de laços afetivos, a família é a base educacional de qualquer indivíduo, mesmo com todas as suas imperfeições. É na família que se aprende limites, respeito, regras de comportamento que valem para toda uma vida. E sou liberal na economia, sim, porque não foi criado nada melhor que o modelo capitalista. É um modelo cheio de problemas, é desigual, é cruel, sim, mas é o único que oferece duas coisas fundamentais para o indivíduo: liberdade e oportunidade. Liberdade para tomar o rumo que achar necessário e oportunidade para realizar os sonhos que você almeja alcançar. Nesse meu tempo de vida concluo que nunca é tarde para aprender e reconhecer quando as coisas precisam tomar outro rumo... É como aquela história que conto para amigos e pessoas próximas: fulano, 35 anos, e ainda acredita em duende?


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